sábado, 2 de novembro de 2013

O Segredo de Atlantis

Todo mundo já ouviu falar de Atlantis (ou Atlântida). Segundo um dos diálogos de Platão, antigos documentos egípcios citavam Atlantis como uma ilha circular onde, há 9000 anos, vivia uma civilização muito avançada. Por algum motivo, um cataclisma fez a ilha afundar, e o povo que lá morava desapareceu.

Embora o diálogo do Platão seja ficcional, muitos acreditam que Atlantis realmente existiu, e que o diálogo era ao menos parcialmente baseado em fatos reais. Todo tipo de teoria tenta explicar a queda de Atlantis, desde extraterrestres até seres mágicos de outra dimensão. Mas eu só conheço uma teoria que é plausível do ponto de vista histórico-científico; e, se ela estiver certa, ainda nos dias de hoje você pode visitar o que restou de Atlantis.

Essa teoria começa com vasos:

Vasos gregos


Se você for a um museu de história grega e fizer datação de carbono-14 em todos os vasos que estiverem lá, vai notar um padrão muito curioso. Existem vasos que datam de 1400 AC, 1300 AC, 1200 AC; depois pula um período, e só aparecem vasos de novo a partir de 800 AC, 700 AC e assim por diante. No período de 1100 AC até 800 AC não tem vaso nenhum.

Mais curioso ainda, se você achar algum tablete de barro com inscrições, vai notar não apenas o mesmo fenômeno, como também línguas diferentes. Os tabletes de antes de 1100 AC estão escritos em Linear-B, uma língua que usa caracteres fonéticos e alguns ideogramas. Já os tabletes posteriores a 800 AC usam o alfabeto grego clássico, que foi chupinhado dos fenícios.

O que aconteceu nesse período foi a chamada Idade das Trevas Grega. Por algum motivo, a civilização grega rebootou nesse período de 1100 AC a 800 AC. Antes de 1100 AC, era o ápice da Civilização Minoana, um povo que vivia nas ilhas gregas e tinha tecnologia equivalente à Idade do Bronze: eles conheciam a agricultura, cerâmica, bronze, escrita. A maior realização dessa época foi o palácio do rei Minos, na ilha de Creta, que possuía corredores estreitos e confusos, e certamente foi a inspiração do labirinto do Minotauro.

Máscara de Agamemnon, relíquia dos Minoanos

Porém, aconteceu alguma coisa que fez essa civilização sumir, e os poucos que sobreviveram passaram a viver como na Idade da Pedra: tornaram-se coletores-caçadores que não dominavam a escrita. Somente 400 anos depois os gregos voltaram a dominar a tecnologia perdida, na época em que surgiram as cidades-estados como Atenas e Esparta.

Esse período histórico tem muitas semelhanças com a história de Atlantis. Para um povo que retrocedeu à Idade da Pedra, a civilização Minoana, com suas cerâmicas e palácios, realmente deveria parecer muito avançada.

E o que causou o fim dos Minoanos? A hipótese corrente é que essa civilização sumiu com um mega-vulcão que explodiu na região das ilhas Ciclades. A erupção causou um tsunami gigante que chegou até Creta e matou um monte de gente. Nessa época o número de pessoas que sabia ler e escrever não deveria ser mais que uma dúzia, e se por azar todos eles morreram, os tabletes de barros deixariam de ser documentos para virar tijolos, já que ninguém mais saberia decifrá-los.

E qual vulcão era esse? O início da Idade das Trevas Grega bate com a erupção do vulcão Thera, que, na época, ficava no centro de uma ilha circular, que afundou após a erupção (tcharam!). O que sobrou dessa ilha foi mais tarde rebatizado pelos cristãos como ilha de Santa Irene, e mais recentemente o nome foi adaptado para grego, como ilha de Santorini.

Atlantis hoje em dia

Vendo a ilha em mapas de satélite, dá pra ver claramente que o meio da ilha afundou. Bem no centro tem o que restou do cume do vulcão (hoje em dia tem fontes de água quente por lá):

Santorini vista do alto

Quase tudo bate com a história do Platão, a única coisa que diverge é a data: Platão dizia que Atlantis caiu 9000 anos atrás, bem antes da erupção do Thera. Mas isso pode ter sido apenas um erro de tradução.

Certamente você aprendeu numerais romanos na escola, que são um sistema numérico não-posicional. Os números gregos e os números egípcios da época também possuem sistemas não-posicionais semelhantes. Platão dizia que sua fonte era um documento egípcio, pode ser que o tradutor, na hora de passar de hieroglifos para grego, errou a ordem da grandeza do número, e a data correta seja 900 anos ao invés de 9000 anos. Aí coincide perfeitamente: novecentos anos antes do Platão encaixa certinho na erupção do Thera.

Essa teoria está tão bem fundamentada que me convenceu. Se me perguntarem, eu posso dizer não apenas que Atlantis existiu, como que eu já visitei :)