domingo, 29 de novembro de 2009

Fontane di Roma

Para começar um blog de viagens, nada mais natural que falar de Roma: afinal, quem tem blog vai à Roma. Mas qual Roma? No mesmo mesmo lugar físico existem várias cidades! Tem a Roma clássica, com o Coliseu e o Fórum; tem a Roma católica, com uma igreja por quarteirão; tem a Roma automobilística, de Ferraris e Lamborghinis. Mas de todas elas, a mais simpática é a Roma aquática.

Os romanos sempre se orgulharam de sua rede de distruibuição de água. Os aquedutos romanos eram os maiores da antiguidade, sendo que o comprimento da rede de aquedutos, somada, tinha mais de 500km. Nos pontos finais dos aquedutos, era costume colocar uma fonte, onde a população podia se servir com a água potável. Na idade média os aquedutos e fontes foram, em sua maioria, destruídos; mas, durante o Renascimento, o costume de erguer fontes monumentais foi retomado.

Em Roma, um ótimo passeio para turistas é tentar achar o maior número de fontes possíveis. No caminho entre uma fonte e outra você acaba conhecendo a cidade, e as fontes em si são grandiosas obras de arte. Durante a lua de mel, nós passamos por 14 fontes romanas. É claro que as fontes ao vivo são impressionantes, mas mesmo de longe você pode vê-las, usando o Street View do Google Maps:








View Fontane di Roma in a larger map


As fontes que nós visitamos, em ordem cronológica, foram:


Fontana delle Api

Na base da Via Veneto, a avenida dos restaurantes chiques em Roma, está a Fontana delle Api, uma pequena fonte criada pelo Bernini em 1644. Originalmente, ela era usada como bebedouro para cavalos, e o nome refere-se às três abelhas esculpidas na fonte. Essas três abelhas são comuns pela cidade, pois são o símbolo da família Barberini, uma influente família que chegou a eleger um papa, o Urbano VIII.



Fontana del Tritone

Outra fonte feita por Bernini, em 1642, a Fontana del Tritone fica no centro da Piazza Barberini. Os motivos aquáticos são comuns nas fontes romanas, nesse fonte temos Tritão, filho de Netuno, sendo apoiado por quatro golfinhos.



Fontana di Trevi

A minha fonte predileta em Roma. Nesse local já existia uma fonte desde 19 antes de Cristo, mas o aquaduto que alimentava a fonte foi destruído numa invasão dos Godos no ano 537. A fonte que nós conhecemos hoje foi terminada em 1762, e ao centro da fonte está o titã Oceanus. A Fontana di Trevi é famosa como fonte de desejos: por dia, os turistas atiram três mil euros em moedas.

Para os engenheiros, a melhor parte da fonte é notar a solução criativa do arquiteto. As fontes dessa época eram alimentadas exclusivamente pela gravidade, então vale o princípio dos vasos comunicantes: a origem da água precisa estar acima da fonte. No caso da Fontana de Trevi, o aquaduto estava no mesmo nível da fonte, então a solução foi fazer a fonte dentro de um buraco (você precisa descer um lance de escadas pra chegar nela).



Fontana dell'Obellisco

Na Europa são comuns os obeliscos roubados de templos egípcios. Na Piazza del Popolo, um obelisco da época de Ramsés II foi adornado com uma fonte criada por Valadier, em 1589. A Fontana dell'Obellisco é formada de quatro leões de mármore que protegem o obelisco.



Fontana del Nettuno

Ainda na Piazza del Popolo, a fonte dedicada a Netuno e seu tridente é a primeira das duas fontes construídas por Giovanni Ceccarini em 1822, na inauguração de um novo aqueduto para irrigar a região.



Fontana della Dea Roma

A segunda fonte de Ceccarini para a Piazza del Popolo representa a deusa Roma, acompanhada da Loba amamentando Rômulo e Remo.



Fontana della Barcaccia

A Piazza Spagna é o point da indústria da moda em Roma, e no centro da Piazza está a Fontana della Barcaccia, criada pelo pai do Bernini em 1627. A forma de barca da fonte é em homenagem a uma inundação tão forte que encheu a piazza com um metro de água. Quando a água secou, um barco ficou preso  no meio da praça.



Fontana dell'Ara Pacis

A tradição de construir fontes em Roma continua até os dias de hoje. A mais recente delas é a Fontana dell'Ara Pacis, construída em 2006. O design é decididamente mais simples que as fontes renascentistas.



Fontana dei Quatro Fiumi

No centro da Piazza Navona está mais uma fonte de Bernini, a Fontana dei Quatro Fiumi, construída em 1651. Essa fonte representa quatro grandes rios, um de cada continente: o Nilo, o Ganges, o Danúbio e o Rio da Prata.



Fontana del Moro

Essa fonte, também da Piazza Navona, foi contruída em 1575 por della Porta, e a estátua central foi adicionada por Bernini em 1653. A estátua representa Netuno, mas as feições africanas do deus fizeram com que a fonte fosse conhecida como a fonte do Mouro.



Fontana del Nettuno

Na outra ponta da Piazza Navona, tem mais uma fonte dedicada a Netuno. Ela foi criada em 1574, sem nenhuma decoração. As estátuas só foram colocadas bem depois, em 1878, para consertar a falta de simetria com a Fontana del Moro.



Fontana dei Libri

Uma fonte simpática escondida em um ruazinha, a Fontana dei Libri é uma fonte que representa o bairro Sant'Eustachio, cujo símbolo é o cervo. Os livros representam a Universidade Sapienza, que fica ali perto.



Fontana del Pantheon

A fonte que fica na frente do Pantheon foi criada em 1575 por della Porta, mas o obelisco roubado só foi adicionado bem mais tarde, em 1711.



Fontana della Naiade

Na Piazza della Republica está a Fontana della Naiade, a fonte das ninfas, terminada em 1912. No centro está o deus Glauco, cercado por quatro ninfas: a ninfa dos lagos, a ninfa dos rios, a ninfa dos oceanos, e a ninfa das águas subterrâneas.